A comunicação na interação com indivíduos com alterações ou perturbações mentais

Um aspeto muito importante a ter em conta nos doentes com perturbações mentais é a alteração da sua capacidade de comunicação, o que pode tornar a comunicação com estes doentes um desafio. Perante esta situação geralmente os profissionais de saúde e/ou familiares ficam impacientes. É assim importante que estes se informarem sobre quais os problemas de comunicação mais comuns com estes doentes, dependendo também do tipo de doença mental por forma a ter uma melhor ideia de como lidar com estas alterações.

Existem vários tipos de perturbações mentais, e só através da análise da doença específica é que o técnico necessita direcionar a sua forma de comunicar, tendo em conta a especificidade da alteração mental. Foquemo-nos nos problemas de comunicação mais comuns causados pela Doença de Alzheimer:
*      Dificuldades em encontrar a palavra certa durante uma conversa;
*      Dificuldades em compreender o significado das palavras;
*      Dificuldades em manter a atenção durante longas conversas;
*      Perda do raciocínio durante uma conversa;
*      Dificuldades em referir passos de atividades comuns como cozinhar, vestir, etc.;
*      Problemas em abstrair-se de barulhos de fundo como os da televisão, rádio, outras conversas, etc.;
*      Frustração quando não conseguem comunicar;
*      Ser muito sensível ao toque, ao tom e volume da voz.

É portanto difícil compreendê-los mas também estes se fazerem compreender. Assim é essencial que os familiares e/ou profissionais de saúde “aprendam” a comunicar e a lidar com estes doentes, de forma a tornar o dia-a-dia menos stressante e a melhorar a sua relação com o doente.
Para uma eficaz comunicação é essencial criar um ambiente positivo para a interação com o doente, sendo importante tratá-lo de forma amável e, acima de tudo, com respeito. Muitas vezes a atitude e a linguagem corporal são mais importantes que as próprias palavras, podendo então utilizar por exemplo, expressões faciais e contato físico, para auxiliar a transmissão da sua mensagem e a demonstrar os seus sentimentos e afetos.

As seguintes sugestões podem facilitar a comunicação com o doente:
*      Tentar optar sempre por palavras simples e frases curtas, falar calma e pausadamente, bem como utilizar um tom de voz baixo e suave. Nunca deve falar com estes doentes como se tratassem de bebés, ou falar destes como se não estivessem presentes.
*      Limitar as distrações e o barulho (exemplos: desligar o rádio e a televisão, fechar as cortinas, etc.) de modo a focar a atenção do doente no que lhe está a dizer. Estabelecer contacto visual e chamar o doente pelo nome, garantindo que antes de falar com este tem a sua atenção.
*      Como estes doentes apresentam dificuldades em reconhecer familiares e amigos, pode começar a conversa apresentando-se, ou seja, relembrando-o de quem é.
*      Simplificar as questões colocadas ao doente. Fazer uma pergunta de cada vez, optar por questões cuja resposta é “sim” ou “não”, ou então fazer a pergunta de forma a limitar as opções de resposta.
*    Ser paciente e permitir que o doente tenha tempo para responder às questões, ouvindo-o atentamente. Acima de tudo não o interromper mesmo que saiba aquilo que ele está a tentar dizer.
*    Se o doente estiver com dificuldades em encontrar a palavra correcta ou a comunicar um pensamento, auxiliar gentilmente a expressar-se fornecendo-lhe as palavras que ele está à procura, isto se o doente parecer estar aberto à ajuda.
*      Quando o doente começar a ficar perturbado, tentar mudar o assunto de conversa ou o ambiente.
*      Muitas vezes estes doentes sentem-se confusos e ansiosos o que os pode levar a recordar de coisas que nunca ocorreram. Aqui é importante tentar não os convencer de que estão errados, mas sim confortá-los e apoiá-los, caso o assunto não seja de risco.
*      Se o doente parecer triste, encorajar a expressão dos seus sentimentos, e mostrar que é compreendido.
*      Usar o humor sempre que possível, já que pode ajudar a libertar a tensão e ser uma boa terapia! Ter para com estes doentes uma atitude carinhosa e tranquilizadora.
*      Estar sempre atento a possíveis problemas de audição e visão do doente que possam afetar a comunicação.