Aspectos biopsicológicos da velhice


Crescer, adquirir experiências, conquistar pessoas e coisas e tantas outras aquisições no decorrer da vida é, em geral, sem sombra de dúvida, desejado por todos.
Envelhecer, entretanto, para muitos, não o é. Mesmo assim, todos sabem que, independentemente da vontade de cada um, chegarão ao envelhecimento (excepção feita aos casos fortuitos).
   Envelhecer representa ameaçadoramente para o indivíduo um desgaste das suas capacidades fisiológicas globais, seja de um modo progressivo, discreto ou grave.
Essa ameaça implica não somente modificações somáticas, como também mudanças psicossociais, incluindo aqui aquelas no nível da memória, do intelecto, do comportamento, da personalidade, das relações sociofamiliares, das finanças, entre outros, que podem desembocar na velhice patológica, interceptando a caminhada saudável da sua existência.
Sabe-se que a velhice patológica não representa regra única para todos, o medo e o preconceito existem, e isso dificulta a aceitação do envelhecimento como processo natural da vida.

Aspectos biológicos
   Um indivíduo não envelhece biologicamente igual a outro, pois uma série de particularidades diferenciam o envelhecimento neste ou naquele aspecto.
Alguns, por exemplo, podem ter o embranquecimento dos cabelos até antes da terceira idade, enquanto outros, mais raramente, só irão começar a tê-lo dos 50/55 anos.
Em alguns casos a pessoa terá força muscular e rapidez de movimentos até aos 70/80 anos, enquanto outros, em maior número, cedo sentirão o cansaço, a fadiga, a diminuição da força muscular.

 
 Os factores que provocam tais diferenças estão condicionados particularmente a dois grupos:
-          genéticos
adquiridos

Factores genéticos
- Compleição física
-          Temperamento
-          Carácter

Factores adquiridos
-          Stress
-          Nicotina
-          Álcool
-          Café e chás com cafeína
-          Actividade sexual
-          Nutrição excessiva ou insuficiente
-          Vida intelectual, criativa ou artística
-          Influência etnológica (o negro vive menos que o branco)
-          Influência climática (as regiões mais frias produzem aumento da longevidade)
-          Condições socioculturais e económicas (padrões de moradia, índices de poluição e insalubridade, géneros de ocupação, riscos e métodos de trabalho das comunidades, aspectos urbanos e rurais).

Aspectos gerais
-          Tendência à obesidade
-          Perda da elasticidade e hidratação da pele
-          Embranquecimento, queda ou adelgaçamento dos cabelos
-          Apagamento do brilho dos olhos
-          Surgimento de bolsas sobre os olhos e espessamento das pálpebras superiores
-          Alongamento do nariz e dos lóbulos das orelhas
-          Adelgaçamento do lábio superior
-          Desgaste ou perda dos dentes
-          Diminuição ou apagamento da força tónica e da sonoridade da voz
-          Diminuição ou perda da audição e da acuidade visual
-          Diminuição do paladar, do olfacto e do tacto
-          Diminuição do crescimento das unhas
-          Diminuição da força e do tonús muscular, possibilitando um maior número de quedas
-          Maior dificuldade nas cicatrizações das feridas
-          Aparecimento de varizes
-          Redução do busto
-          Perturbações do sono
-          Maior propensão ás doenças orgânicas crónicas, por exemplo: infecções
-          Redução da largura dos ombros e aumento na da bacia
-          Perda de peso de quase todos os órgãos internos
-          Interrupção na mulher da função reprodutora

Alterações Patológicas

-          Surgimento de cataratas
-          Diminuição nas sensibilidades visuais, auditivas, térmicas e dolorosas
-          Diminuição na intensidade do reflexo
-          Modificações do apetite sexual
-          Diabetes
-          Hipertensão arterial
-          Artereosclerose
-          Bronquite
-          Insuficiência renal aguda
-          Deformações toráxicas
-          Reumatismo
-          Aparecimento de cancro nos mais variados órgãos

Aspectos Psicológicos

O idoso não comprometido psicologicamente é aquele que ainda “vive” e quer continuar a viver a vida na sua plenitude, usufruindo daquilo que ela ainda lhe pode oferecer e para a qual ele pode responder.


O idoso que não vive à sombra das perdas ou à sombra do que não pode atingir, em razão da sua idade, ainda tem, mesmo com medo, desejos de realização pessoal.
A história está repleta de casos de homens e mulheres que “não envelheceram psicologicamente”, conservando quase ou todas as suas características psicológicas de forma viva e brilhante.

            “Muitos problemas psicológicos dos anciãos… provêm de conflitos afectivos e frustrações correspondentes a épocas da sua vida. As dificuldades psicológicas que se acumulam na velhice das pessoas não satisfeitas e inadaptadas.
              Uma vida adequadamente vivida constitui, pelo contrário, um magnífico escudo contra os riscos psicológicos que a velhice comporta.”
   Alonzo-Fernandes

Gaiarsa defende a ideia de que a manutenção da jovialidade na velhice depende basicamente da rigidez de carácter.

   “As pessoas muito contidas e controladas são velhas desde o começo.”